COMENTÁRIO
O cinema brasileiro na Argentina
Se o cinema argentino vem ganhando uma crescente projeçao no Brasil, seja com seus nomes de maior destaque como Aristarain, Marcelo Piñeyro, Juan José Campanella, seja com nomes que estao despontando como Leonardo Di Cesare (Buena Vida Delivery), Pablo Meza (Buenos Aires 100km) e outros, o cinema brasileiro na Argentina vai a duras penas. Desde agosto deste ano até o dia de hoje, nenhum filme brasileiro estreou no circuito comercial argentino. É fato que enquanto os brasileiros conhecem o que está sendo feito no cinema argentino (embora muitas produçoes, seja por seu caráter mais experimentalista ou pela falta de um distribuidor, nao conseguem chegar ao circuito brasileiro), os argentinos pouco conhecem do cinema brasileiro.
Sao muitas as pessoas aqui em Buenos Aires que ligam o cinema brasileiro a Ciudad de dios (Cidade de Deus), de Fernando Meirelles e Estación Central (Central do Brasil), de Walter Salles, por nao terem como possuir maior conhecimento da diversidade que está emergindo no cinema brasileiro dos últimos anos. Levando-se em conta que sao países vizinhos e que fazem parte de um mesmo bloco comercial, essa é uma questao a ser melhor discutida entre os setores culturais e audiovisuais de ambas as naçoes.
As possibilidades para se conhecer o cinema brasileiro em Buenos Aires surgem a partir de mostras de cinema, onde as exibiçoes ficam restritas a nao mais que duas projeçoes do filme, ou da programaçao que a Embaixada do Brasil realiza, intitulada Cine en la embajada, com exibiçao de filmes nacionais. Neste mês de novembro, a embaixada irá projetar os filmes Jogo subterrâneo, de Roberto Gervitz; Ciudad de Dios, de Fernando Meirelles; Lamarca, de Sérgio Rezende e Vai trabalhar vagabundo, de Hugo Carvana. Recentemente foi lançada no mercado argentino, uma caixa de DVDs contendo os filmes Madame Sata, de Karim Ainouz; Separaçoes, de Domingos de Oliveira e Dois Perdidos numa Noite Suja, de José Joffily.
Todas essas açoes citadas acima sao louváveis, mas ainda se resumem a um público muito específico, que busca conhecer o cinema na sua diversidade. Qual é a raiz para a questao da falta de acesso do cinema brasileiro na Argentina? Seria algo relativo a falta de distribuidoras interessadas em investir no mercado argentino, ou o mercado argentino nao apostando no cinema brasileiro? Várias questoes poderiam vir a tona a partir deste tema, até porque os argentinos possuem um acesso considerável nos campos da música, literatura e artes plásticas feitos no Brasil. O fato é que enquanto nós conhecemos essa nova geraçao do cinema argentino, eles estao perdendo a possibilidade de testemunhar uma nova safra de filmes feitos fora do eixo Rio-Sao Paulo, responsáveis pela renovaçao do cinema nacional.
E isso é uma questao importante de integraçao cultural a ser levada em conta.
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