ENTREVISTA: SANTIAGO CARLOS OVES
PARTE 2
Nesta segunda parte da entrevista, Santiago Carlos Oves fala sobre a recepção que "Conversando com mamãe" (Conversaciones con mamá), teve no Brasil, assim como o seu desejo em realizar uma parceria com o Brasil para o seu próximo projeto, entre outras coisas.
COMO TE PARECE QUE ESTA O CINEMA ARGENTINO HOJE?
Me parece interessante e até em alguns casos, fascinante. Há exemplos do que se chama o “nuevo cine argentino” muito destacáveis e outros que não. Eu não creio muito nos nuevos cines argentinos, nuevos cines italianos… eu creio que há filmes bons e há filmes ruins. Ultimamente há filmes que são muito bons e há filmes que são muito ruins, como em todos os tempos. La transcendência que tem tido o cinema argentino nos bons filmes é importante, porque se abriu o mercado, o cinema argentino é conhecido mundo afora e é respeitado, mas isso sempre pelos bons filmes. Eu tive a oportunidade de estar com gente do exterior vendo filmes argentinos ruins do nuevo cine argentino e ficaram espantados.
UMA COISA QUE ME CHAMOU A ATENÇÃO FOI A ESTRUTURA QUE TEM BUENOS AIRES EM TERMOS DE CURSOS DE CINEMA E A SUA ACESSIBILIDADE. GOSTARIA QUE VOCÊ FALASSE, COMO PROFESSOR QUE É, SOBRE ATÉ QUE PONTO ISSO INFLUI HOJE NA APARIÇÃO DE ESTA NOVA GERAÇÃO DO CINEMA ARGENTINO?
Em termos de escolas e cursos, é realmente um país atípico, porque são 15 mil estudantes de cinema com muitas escolas de cinema. O tema é quem contém esses 15 mil estudantes quando os recebe. Escolas como o CIC (Centro de Investigación Cinematográfica) é interessante sobre como aponta os ofícios, coisa que se havia perdido no devenir histórico do cinema argentino, se perdeu os ofícios e há muita gente mais experiente que pode ensinar muitas coisas. Se pode conter estes 15 mil estudantes, se pode conter os distintos oficios, mas se todos querem ser diretores então se estaciona. Mas se alguns querem ser roteiristas, refletoristas, diretores de fotografia, de som, etc., há uma cadeia no mundo inteiro, não somente na Argentina. Se um diretor quiser fazer seu projeto, tem dificuldades de fazer-lo aqui, assim como tem na Espanha, no Brasil.
COMO PROFESSOR DE CINEMA, COMO COMEÇASTE E O QUE TE DEU VONTADE DE SEGUIR NESTA CARREIRA?
A docência me aportou muitas coisas, como por exemplo no sentido que aprendo com os alunos também, o fato de que eu seja professor de roteiro me faz que eu possa entrar no imaginário dos alunos, entrar no imaginário de uma geração, me faz compreender isso. O tema da docência, eu creio que se deve transmitir as experiências que possui, as vezes me canso, te confesso, mas é satisfatório transmitir experiências, porque transmito a eles o que a mim me passa e trato de que os alunos me transmitam o que passa a eles, porque a relação professor-aluno tem que ser democrática.
VOCÊ ESTEVE NO BRASIL NO INÍCIO DESTE ANO PARA PROMOVER O FILME “CONVERSACIONES CON MAMA”. COMO FOI A RECEPÇÃO DO FILME NO BRASIL?
Eu estive em Porto Alegre, São Paulo e Brasilia. A experiência de Porto Alegre foi fantástica, porque percebi que o público desfrutou muito o filme, isso eu percebi porque tratava de não perder as exibições. En São Paulo o filme participou de uma inauguração de quatro salas que estão ao lado da Universidade e no dia que fui, a recepção do filme foi magnífica, tanto que o filme ficou nessa sala durante quatro meses. Depois me chamaram do Rio de Janeiro, onde não cheguei a ir, mas fizeram reportagens e sei que a recepção por lá foi muito boa. Também me chamaram de Brasil porque queriam fazer uma peça de teatro baseada no filme.
VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIO TER UM INTERCÂMBIO MAIOR NO ÂMBITO AUDIOVISUAL, EM ESPECIAL NO CINEMA, ENTRE BRASIL E ARGENTINA? COMO TE PARECE A SITUAÇÃO ATUAL?
Não tenho informação a respeito, mas o intercâmbio entre Brasil e Argentina em termos cinematográficos pode ser interessante. Para existir esse intercâmbio se tem que planejar projetos, insistir com projetos culturais. Uma vez que enganche alguns projetos, eu não vejo nenhum impedimento. Tal é assim que eu tenho um roteiro que acabam de aprovar no INCAA, que se chama “El fantasma de la noche” e que tenho intenção de fazer uma co-produção entre Brasil e Argentina, porque há dois ou três personagens que podem fazer atores brasileiros. Meu sócio tem toda a intenção porque ele fez uma co-produção entre os dois países, tempos atrás, aparando o tema do Mercosul. Estamos tentando ver se podemos conectarse com eles.
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